Não, ainda não podemos chamar o bom e velho e-mail de “finado”.

  Por se tratar de uma das atividades mais antigas da Internet, atualmente carrega rumores sobre possível extinção, quando o relacionamos com o marketing digital. Mesmo com o boom das mídias sociais, o e-mail marketing continua sendo extremamente importante como estratégia de marketing digital e ferramenta de comunicação, desde que usado de maneira criativa, direta e com bom senso.

  É uma tendência natural e corriqueira tratar novas tecnologias e gadgets de forma privilegiada e achar que elas vão substituir integralmente os meios mais antigos. Isso acontece algumas vezes, mas em outras, existe uma precipitação até absurda. Quem nunca ouviu falar e até profetizou o sepultamento dos livros impressos, dos jornais, dos desktops? Pois bem, até onde sabemos, essas profecias se arrastam a anos e os dito moribundos continuam firmes, fortes e saudáveis.

O marketing digital está tão vivo quanto sempre esteve e se já é velhinho, não podemos dizer que ficou idoso, e sim vintage, tendência de mercado tanto para estilo, como conteúdo e até modo de vida, segundo os moderninhos de plantão.

  Concordamos que em questão de conteúdo, o escândalo, tragédia e apelação vendem. É difícil vender revistas, jornais e ter audiência na TV sem notícias bombásticas e usar essa torrente.

  Quando falamos em texto, a redação do e-mail é vista como uma das, senão a principal parte do marketing. É preciso estudar o público alvo e suas ramificações, o resultado a ser atingido, a linguagem, as estratégias para cada segmento. De forma simples e inusitada, a missão é chamar e prender a atenção dos leitores.

  Toda pessoa, que acessa a internet, que se prese, tem um endereço online. Ao menos uma vez ao dia, ela verifica a caixa de entrada. O que leva uma pessoa a abrir a mensagem ou enviá-la direto para o lixo é o título do e-mail e depois, o conteúdo. Sim, ele mesmo, o bom e velho texto.

  Linguagem fácil, de entendimento rápido, criativo e que principalmente, converse com leitor é a grande sacada. Falar e se colocar com ele, como se tanto redator quanto leitor estivessem frente a frente, relaxados, sentados confortavelmente tomando um refresco gelado ou café quentinho passado na hora. Criar uma conexão que demonstre intimidade e empatia são fundamentais.

  Seguem aqui dois exemplos de texto de e-mail marketing de um brechó online que usa de sátiras e muito bom humor diariamente em todas as mensagens – sem perder o foco, logicamente.

Título do e-mail:  Montes de calçados na medida pra você
Texto:

Esse e-mail é pra você,

que já namorou vitrine, caiu de amores por um sapato,
pra, no fim, não ser correspondente ao seu respectivo número -
o que se segue de muito choro, gritaria, destempero e frustração.

 Esse e-mail é pra você, cinderela do brasil – e do mundo, né,
que somos um site assim, de alcance.

 Você, do pezinho danado, único e exclusivo, vem cá ver o que lhe é de direito.
deite e role, portanto, sem medo de ser feliz.”

 

Título do e-mail:     Clique aqui para ver melhor o vermelhão: coisa boa, preço joia
Texto:

 Você agora feche os olhos. e tente dar forma ao vermelho.

imaginou, digamos, um batom?  um esmalte?
um vestido fendado até a orelha?

 pois é, meu filho.
vermelho é poder, é babado, é papai, é noel.

 e, não bastasse tantos atributos, ainda é tonalidade
a qual podemos tranquilamente recorrer ao frequentar,

exemplo, uma cantina italiana, então pouco
ligando para eventuais respingos ao sugo -
tudo se camufla e se disfarça.

 celebremos o encarnado, portanto? cliquemos sem limite?
batendo olho em geral? sim, obrigada.”

  Bacana, convidativo, bem humorado e levando uma conversa descontraída com o cliente. Essa lição de casa foi muito bem feita e, com certeza, quem recebeu essas mensagens, entrou no site para conferir.

  A lista de dados cadastrados de seu cliente é uma grande arma para o e-mail marketing. Seguidores no Twitter, Facebook, curtidas, compartilhamentos e RT’s são definitivamente importantes, mas o e-mail cadastrado demonstra um interesse maior no seu produto ou serviço, por aqueles que fizeram o cadastro. Portanto, esse meio merece devida e justa atenção.

O e-mail está aí há décadas, com seu uso para negócios aprimorado ao longo do tempo e ainda estamos aprendendo a trabalhar com as mídias sociais. Como nada na vida é apenas de vantagens, um dos fatores negativos no e-mail marketing, são os temíveis spams.

Os números assombrosos de spams criam uma antipatia declarada com a estratégia. Empresas, quando não mandam deliberadamente, usam “parceiros” e, mesmo sabendo que os leitores ficam irritados, o fazem diariamente. Isso aumenta a chance de uma mensagem autorizada cair na caixa de lixo eletrônico e até mesmo, leva ao cancelamento do cadastro e também a descartar assuntos que interessam. Portanto, cuidado para não cair no comodismo e virar mais um nome na caixa de spam.

Quanto as redes sociais? Não estamos fazendo “pouco caso” delas. Aliás, estudá-las é ponto forte e imprescindível. Porém, substituir e extinguir o e-mail marketing, ou colocá-lo em segundo plano, não é opção. Essa ferramenta ainda será por muito tempo uma tática eficaz de relacionamento com o cliente.

Como a melhor estratégia é sempre pesquisar muito e usar todas as estratégias, não dispense o e-mail marketing, mas fique sempre de olho nas mídias sociais.

 

Autora: Andreia Melero